Uma das técnicas de reciclagem consistia em rabiscar, como se virgens fossem, o verso dessas infelizes páginas descabaçadas. Durante boa parte de meu curso de Agronomia não tive cadernos, afinal as infinitas versões e revisões dos vários documentos gerados pelo PET (relatórios, folders, ofícios, cartazes, convites etc.) convertiam-se em uma abundante fonte de papel para meu uso.
Pois bem... além de tomar nota das matérias do curso, também utilizei essas pobres folhas abortadas para nelas deixar registradas as letras e cifras das músicas que tocava ao violão. Meus contemporâneos devem se recordar de nossas sessões musicais, geralmente irrigadas por álcool etílico potável de origem agrícola.
Essas folhas permaneceram praticamente intocadas durante a última década, em virtude das seguidas mudanças de domicílio a que um indivíduo afoito é obrigado a se submeter depois que pega o diploma... (foram dez endereços nos últimos oito anos!). No entanto, esse acervo foi recentemente revisitado, devido a uma necessidade inexplicável de fazer um “balanço geral” de minha vida, desencadeada pela passagem de meu trigésimo aniversário.
Todas as minhas realizações foram planejadas para se concretizar antes dos trinta. Porém a maioria continua pendente: não dei a volta ao mundo, não moro em Maracaípe, não tenho uma Land Rover, e ainda preciso trabalhar para garantir minha sobrevivência... Por outro lado, tenho um emprego que me proporciona – além do sustento financeiro – alguma motivação e uma boa parcela de tempo livre, além de ter encontrado uma companheira com quem construo um casamento instigante e desafiador.
Então... completei três décadas e constatei que deixara de fazer um monte de coisas, e que, apesar de todas as conquistas, continuaria sempre insatisfeito. Há solução? Não sei... Optei por para de pensar tanto, e comecei a fuçar os papéis abandonados, a contemplar os álbuns de fotografias... Jogar a velharia fora geralmente causa uma sensação imediata de alívio.
E foi durante esse processo que foram encontradas as relíquias que ora lhes apresento. Perdidas entre as mais de 160 folhas rabiscadas, encontrei essas cinco, que agora fazem parte de nosso acervo.
Primeiro trimestre de 1996: primeira versão da primeira auto-avaliação de Eryvan
Julho/1996: quem se lembra desse seminário? O PET se fez presente através da exposição de um painel. As fotos serão disponibilizadas em breve.
Julho/1996: teste para as etiquetas a serem fixadas na pasta desse evento, cuja cobertura fotográfica também será disponibilizada posteriormente.
Novembro/1996: teste para o modelo de certificado deste outro evento. Essa foi a primeira vez que emitimos um certificado próprio, diferente daquele confeccionado pela Pró-Reitoria de Extensão.
Novembro/1996: minuta de folder para o mesmo evento, abortada por um capricho da impressora. Atentem para o horário do encerramento (18:00 - ∞ h), e relembrem que a Banda Quenga de Coco, contratada por Laura, só ficou famosa depois que lhe demos essa oportunidade.
3 comentários:
Wagner.
já disse iso outras vezes, mas acho que vale a pena repetir. Se continuarmos nesse modelo de rever os fatos e "causos" do PET vamos muito bem. Gosto demais da sua forma "sem muita forma ou amorfa" de escrever e construir suas frases. Sabe que eu comecei na Agronomia com caderno normal e depois passei a fazer o mesmo que você faz! Comecei a usar os rejeitos da impressora do PET. Alías, precisamos verificar se estamos falando da mesma impressora... por acaso é aquela velha HP 690C? Ela nos presenteava com sua instabilidade emocional sempre nas vésperas de imprimir o relatório. Vai entender essa tecnologia...
Erivan, adorei o modo como relatou sua experiência.
Foi uma boa idéia de criar coragem e fazer uma faxina na casa de mamãe, onde estão meus guardados da rural. Prometo que assim que eu consiga coloco as relíquias na memória do PET.
Grande abraço a todos!
Ana
Coisas de Wagner...guardar uma reliquia destas..me lembro bem, sentado digitando esta auto avaliação !
Em falando de caderno..eu tinha dois ! uma para anotar tudo na sala de aula e outro para passar a limpo as anotações e ilustrar com outras coisas de livros e desenhos mais bem elaborados. Com tantas mudanças na vida, acabei me desfazendo deles, mas com certeza muitos da graduação pegaram xerox, que o diga Márcio e Viviane !
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